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PUNK, Cartazes e a resistência à Razão
Este meu primeiro trabalho, autobiográfico, aborda o Punk e a nossa memória identitária. História, lugar, comunidade e cultura juvenil de contestação, a Razão da era do Iluminismo, tempos conturbados, o grande terramoto de 1755 e a figura do nosso Marquês de Pombal, Primeiro Ministro durante o reinado de Dom José I. Trata-se de uma harmoniosa e tensa comparação, que ajusta o passado ao presente através duma figura de Estado em conjunto com ocorrências devastadoras, e que se salvaguarda interiorizada na memória, perene, manifestando-se actualmente entre nós, o povo, como um estado de espirito colectivo.
Cartazes artesanais, a vitalidade de um mundo alternativo.
PUNK no singular, cartazes colados em paredes e postes da geométrica Baixa Pombalina, ou nas sinuosas encostas da velha Lisboa, produzido e entregue em mão, guardo na memória a experiência emocional, as acromáticas fotocópias nos tamanhos fixos A4 ou A5.
Sua curta vida, que estava inscrita no dia e hora que anunciava o evento músical ou algo, nascia pois para morrer cedo, pelas espectativas que criava dir-se-ia tratar dum relâmpago, disturbio visual atrativo de disposições de textos, ilustrações e elementos gráficos, ora duma dedicada elaboração expressa na tentativa de dar credibilidade à ocorrência, em que ao gosto pessoal e caracteristicas do grafismo editorial gráfico vingente, somava os primeiros elementos duma corrente nova, ou mero rascunho cujo conceito mais elaborado se traduzia por um "deixa assim que fica fixe", um desregramento intencional, ou até método abreviado que dispenssasse empenho cuidado e atenção que não reproduzisse a verdade intelectual do evento, vontade de não se chatear muito com algo tão efémero.
A única esperança estava confiada à vocação disponível, mais a destreza e uso expedito dos materiais do seu manobrador, tesoura, x-acto, cola, canetas várias e recortes de fotos e ilustrações de jornais e revistas, imagens para ser utilizadas de forma desfazada do sentido original e quase sempre orientados para transmitir uma mensagem humoristica, satírica ou chocante, agora, estilográfica, máquina de escrever, escantilhões e máquina fotográfica mesmo descartável, era já considerado um luxo semi-profissional de poucos, às limitações técnicas de reprodução ninguém escapava, fotocopíadora na loja, liceu ou trabalho que permitia redimensionamento mais a variação na escala de luminusidade, e parecia já ficção ciêntifica.
Textos e ilustrações que vagueiam sem nexo nem contradição, para constituir uma unidade visual que vai contribuir para dar representação à identidade do Punk, a mais diversificada que conheço, fosse foto-montagem ou colagem, as fusões de elementos eram condicionadas pelas caracteristicas fisicas dos materiais, e unidas sob o mesmo plano com exito, pois o voluntarismo e a receptividade a esta nova visão das coisas harmonizava com a mensagem e certo espírito da época, estética adoptada que ainda se estende aos dias de hoje.
O que foi lixo visto por olhos alheios, era o brilho dos nossos, anunciava que havia vitalidade, revolta indomável e alternativa à sociedade urbana ainda tensa e mal acostumada à liberdade ganha no Abril de 74, o nosso brilho era o taipal duma sociedade mal saneada!
Agradecimento pelo auxílio e motivação dados pela Isabel Newton, FAÍSCA e Bárbara Santos, a quem esta geração não passou ao lado, fizeram-na.







Marquês de Pombal
Utopias Distopias
Os Ídolos dos escombros
Gaiola Pombalina
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